Tata Londirá

É pedra preta!
Quem risca ponto nesta casa de caboclo
Chama flecheiro, lírio e arranca toco
Seu “serra negra” na jurema, juremá
Pedra preta!
O assentamento fica ao pé do dendezeiro
Na capa de Exu, caminho inteiro
Em cada encruzilhada um alguidar

Era homem, era bicho flor
Bicho homem pena de pavão
A visão que parecia dor
Avisando salvador, João!
No camutuê Jubiabá
Lá na roça a gameleira
“Da Goméia” dava o que falar
Na curimba feiticeira

Okê! Okê Oxóssi é caçador
Okê! Arô! Odé!
Na paz de zambi, ele é mutalambo!
O alaketo, guardião do agueré

É isso, dendê e catiço
O rito mestiço que sai da Bahia
E leva meu pai mandingueiro
Baixar no terreiro quilombo caxias
Malandro, vedete, herói, faraó
Um saravá pra folia
Bailam os seus pés
E pelo ar o bejoim
Giram presidentes, penitentes, yabás
Curva se a rainha
E os ogans batuqueiros pedem paz

Salve o candomblé, eparrei Oyá
Grande Rio é Tata Londirá
Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém

DIREÇÃO:
Gabriel Zerra

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